A MORDER OS CALCANHARES DO PODER

sábado, setembro 24, 2005

Descubra as diferenças...

sexta-feira, setembro 23, 2005

Há coisas que nunca mudam...

“O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Toda a vida espiritual, intelectual parada. O tédio invadiu todas as almas. A mocidade arrasta-se envelhecida das mesas das secretárias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce. As falências sucedem-se. O pequeno comércio definha. A indústria enfraquece. A sorte dos operários é lamentável. O salário diminui. A renda também diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. Neste salve-se quem puder a burguesia… explora. A ignorância pesa sobre o povo como uma fatalidade. A intriga política alastra-se. O país vive numa sonolência enfastiada.”
Eça de Queiróz ,"As Farpas", 1871.

Estão mesmo a pedi-las...

"Secretário de Estado diz que apelos à greve por polícias terão “consequências” "


Num clima de crescente crispação social, em que a contestação se faz sentir entre as mais variadas classes socio-profissionais, de enfermeiros a professores,de juízes a militares,de polícias a restantes funcionários públicos até às centenas de milhares de desempregados, este Governo nojento recorre à arma dos cobardes respondendo com um autoritarismo absolutamente repugnante,tentando abafar e amordaçar todas as vozes que a ele se opõem, demonstrando um total desprezo por aqueles que no fundo constituem a razão da sua existência: os cidadãos.

PODE SER QUE UM DESTES DIAS LHES CALHE...



A Reforma aos 49...


Mais um "aposentado" aos 49 anos com a módica reforma de 3178.47 euros.

HAJA UM PINGO DE DECORO NESTE PAÍS MISERÁVEL!!!


A confirmação deste facto pode fazer-se, consultando a página da Caixa Geral de Aposentações na página 16.
AQUI

Um especial agradecimento ao
DITO CUJO, que me permitiu ter conhecimento desta aberração.

sábado, setembro 17, 2005

O OUTRO LADO DA MOEDA





VER VÍDEO AQUI




"O capitalismo tem duas faces...
Todos querem viver na outra."
XEG

sexta-feira, setembro 16, 2005

INQUALIFICÁVEL!!!





"O objectivo para este ano é uma redução do número de efectivos de entre 1000 a 1500 empregados, sendo que até ao final deste mês já deveremos ter reduzido até 900 empregados", adiantou Horta e Costa.



"Relativamente a 2006 ainda não existe nenhuma decisão tomada relativamente à redução, apenas diria que o programa de redução de custos continua a ser prioritário", frisou o gestor.

As guerras mentem

"— Mas o motivo... –indagou o senhor Duval.
— Um homem não mata por nada.
— O motivo? –respondeu Ellery, encolhendo os ombros.
— O senhor já conhece o motivo".
Ellery Queen. Aventuras na Mansão das Trevas.



As guerras dizem que ocorrem por nobres razões: a segurança internacional, a dignidade nacional, a democracia, a liberdade, a ordem, o mandato da civilização ou a vontade de Deus. Nenhuma tem a honestidade de confessar: "Eu mato para roubar".


Não menos de três milhões de civis morreram no Congo ao longo da guerra de quatro anos que está em suspenso desde fins de 2002. Morreram pelo coltan, mas nem eles sabiam disso. O coltan é um mineral raro, e o seu nome estranho designa a mistura de dois minerais raros chamados columbita e tantalita. Pouco ou nada valia o coltan, até que se descobriu que era imprescindível para a fabricação de telefones celulares, naves espaciais, computadores e mísseis; passou então a ser mais caro que o ouro. Quase todas as reservas conhecidas de coltan estão nas areias do Congo. Há mais de quarenta anos, Patrício Lumumba foi sacrificado num altar de ouro e diamantes. Seu país torna a matá-lo a cada dia. O Congo, país paupérrimo, é riquíssimo em minerais, e esse presente da natureza continua a converter-se em maldição da história.


Os africanos chamam o petróleo de "merda do Diabo". Em 1978 descobriu-se petróleo no sul do Sudão. Sete anos depois, sabe-se que as reservas chegam a mais do dobro, e a maior quantidade jaz no oeste do país, na região de Darfur. Ali ocorreu recentemente, e continua a ocorrer, outra matança. Muitos camponeses negros, dois milhões segundo algumas estimativas, fugiram ou sucumbiram, a bala, a facão ou a fome, com a passagem das milícias árabes que o governo apoia com tanques e helicópteros. Esta guerra disfarça-se de conflito étnico e religioso entre os pastores árabes, islâmicos, e os labregos negros, cristãos e animistas. Mas acontece que as aldeias incendiadas e os cultivos arrasados estavam onde começam a estar agora as torres petroleiras que perfuram a terra.


A negação da evidência, injustamente atribuída aos bêbados, é o mais notório costume do presidente do planeta, que graças a Deus não bebe nem uma gota. Ele continua a afirmar, um dia sim e outro também, que a sua guerra do Iraque nada tem a ver com o petróleo. "Enganaram-nos ocultando informação sistematicamente", escrevia a partir do Iraque, por volta de 1920, um tal Lawrence da Arábia: "O povo da Inglaterra foi levado à Mesopotâmia para cair numa armadilha da qual será difícil sair com dignidade e com honra". Sei que a história não se repete; mas às vezes duvido.


E a obsessão contra Chávez? Nada tem a ver com o petróleo da Venezuela esta frenética campanha que ameaça matar, em nome da democracia, o ditador que ganhou nove eleições limpas? E os contínuos gritos de alarma com o perigo nuclear iraniano, nada têm a ver com o facto de o Irão conter uma das reservas de gás mais ricas do mundo? E se não é assim, como se explica isso do perigo nuclear? Foi o Irão o país que despejou as bombas nucleares sobre a população civil de Hiroshima e Nagasaki?


A empresa Bechtel, com sede na Califórnia, havia recebido em concessão, por 40 anos, as águas de Cochabamba. Toda a água, incluindo a água das chuvas. Nem bem se instalou, triplicou as tarifas. Explodiu um motim, e a empresa teve de ir embora da Bolívia. O presidente Bush apiedou-se da expulsada, e consolou-a concedendo-lhe a água do Iraque. Muito generoso da sua parte. O Iraque não só é digno de aniquilação pela sua fabulosa riqueza petrolífera: este país, regado por o Tegre e pelo Eufrates, também merece o pior porque é a mais rica fonte de água doce de todo o Médio Oriente.


O mundo está sedento. Os venenos químicos apodrecem os rios e as secas exterminam-nos, a sociedade de consumo consume cada vez más agua, a água é cada vez menos potável e cada vez mais escassa. Todos dizem isso, todos sabem: as guerras do petróleo serão, amanhã, guerras da água. Na realidade, as guerras da água já estão a verificar-se. São guerras de conquista, mas os invasores não lançam bombas nem desembarcam tropas. Viajam vestidos como civis estes tecnocratas internacionais que submetem os países pobres a estado de sitio e exigem privatização ou morte. Suas armas, mortíferos instrumentos de extorsão e de castigo, não fazem volume nem provocam ruído. O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, dois dentes da mesma pinça, impuseram, nestes últimos anos, a privatização da água em 16 países pobres. Entre eles, alguns dos mais pobres do mundo, como Benim, Níger, Moçambique, Ruanda, Yemen, Tanzania, Camerúm, Honduras, Nicarágua… O argumento era irrefutável: ou entregam a água ou não haverá clemência com a dívida nem empréstimos novos. Os peritos também tiveram a paciência de explicar que não faziam isso para desmantelar soberanias e sim para ajudar a modernização dos países afundados no atraso pela ineficiência do Estado. E se as contas dá água privatizada tornavam-se impagáveis para a maioria da população, tanto melhor: para ver se assim finalmente despertava sua vontade adormecida de trabalho e de superação pessoal.


Na democracia, quem manda? Os funcionários internacionais das altas finanças, votados por ninguém? Em fins de Outubro do ano passado, um plebiscito decidiu o destino da água no Uruguai. A grande maioria da população votou, por esmagadora maioria, confirmando que a água é um serviço público e um direito de todos. Foi uma vitória da democracia contra a tradição de impotência, que nos ensina sermos incapazes de administrar, nem a água nem nada; e contra a má fama da propriedade pública, desprestigiada pelos políticos que a utilizaram e maltrataram como se o que é de todos fosse de ninguém. O plebiscito do Uruguai não teve nenhuma repercussão internacional. Os grandes meios de comunicação não se inteiraram desta batalha da guerra da água, perdida pelos que sempre ganham; e o exemplo não contagiou nenhum país do mundo. Este foi o primeiro plebiscito da água e até agora, que se saiba, foi também o último."


GALEANO, Eduardo, "As guerras mentem",Brecha, Montevideo, 11 de Setembro de 2005.

in.
RESISTIR

1984 REVISITADO

quinta-feira, setembro 08, 2005

"Como o livre mercado matou Nova Orleães"

"O livre mercado desempenhou um papel crucial na destruição de Nova Orleães e na morte de milhares dos seus residentes. Munidos de avisos antecipados de que um colossal furacão (de força 5) ia abater-se sobre essa cidade e os arredores, o que fizeram os funcionários? Puseram em jogo o livre mercado.

Anunciaram que todos deviam evacuar a cidade. Esperava-se que cada um criasse a sua própria saída da área de desastre por meios privados, tal como dita o livre mercado, tal como as pessoas fazem quando o desastre golpeia os países de livre­‑mercado do Terceiro Mundo.

É uma coisa bonita este livre mercado, no qual cada indivíduo persegue os seus próprios interesses pessoais e efectua um resultado óptimo para a sociedade inteira. É deste modo que a mão invisível obra as suas maravilhas.

Não haveria nenhuma evacuação colectivista arregimentada, como ocorreu em Cuba. Quando um furacão especialmente poderoso golpeou essa ilha no ano passado, o governo de Castro, apoiado pelos comités de cidadãos de bairro e por quadros locais do partido comunista, evacuou 1,3 milhões de pessoas, mais de 10 por cento da população do país, sem a perda de uma só vida, uma façanha inspiradora que passou praticamente inadvertida na imprensa dos EUA.

No Dia Um do desastre causado pelo furacão Katrina, já era claro que centenas, talvez milhares, de vidas americanas tinham sido perdidas em Nova Orleães. Muita gente se tinha “recusado” a fazer a evacuação, explicaram os repórteres dos media, simplesmente porque eram “teimosos”.

Não foi senão até ao Dia Três que os comentaristas relativamente abundantes começaram a dar­‑se conta que dezenas de milhares de pessoas não tinham podido fugir, porque não tinham para onde ir, nem meios para ir para lá. Com pouco dinheiro à mão, e carentes de veículo próprio, tiveram de aguentar firme e esperar o melhor. No final, o livre mercado não funcionou muito bem para eles.

Muitas destas pessoas eram afro­‑americanos de baixo rendimento, juntamente com um número menor de brancos pobres. Deve ser recordado que a maioria deles tinha um emprego antes da visita letal do Katrina. É isso o que faz a maioria das pessoas pobres neste país: trabalham, geralmente muito duro em empregos muito mal pagos, às vezes em mais de um emprego ao mesmo tempo. São pobres, não porque são preguiçosos, mas porque têm dificuldade em sobreviver com salários de miséria, ao mesmo tempo que estão sobrecarregados com altos preços, alugueres elevados e impostos regressivos.

O livre mercado desempenhou um papel de outras formas. A agenda de Bush é cortar serviços estatais até ao osso e obrigar as pessoas a recorrer ao sector privado para as coisas que possam precisar. Assim, cortou 71,2 milhões do orçamento do Corpo de Engenheiros de Nova Orleães, uma redução de 44 por cento. Os planos para fortificar os diques de Nova Orleães e para melhorar o sistema do bombeio para a drenagem de água tiveram de ser metidos na prateleira.

Bush apressou­‑se e afirmou que ninguém teria podido prever este desastre. Só mais uma mentira que sai dos seus lábios. Todo o género de pessoas tinha estado a predizer um desastre para Nova Orleães, assinalando a necessidade de consolidar os diques e as bombas, e fortificar as terras costeiras.

Na sua campanha para aniquilar o sector público, os reaccionários bushistas também permitiram que os construtores drenassem áreas extensas de pântanos. De novo, essa velha mão invisível do livre mercado se encarregaria de cuidar das coisas. Os construtores, perseguindo o seu próprio lucro privado, criariam resultados que nos beneficiariam a todos.

Mas os pântanos serviam como absorvente e barreira naturais entre Nova Orleães e as tempestades que chegam do mar adentro. E desde há já alguns anos, os pântanos têm estado a desaparecer a um ritmo assustador na costa do Golfo. Nada disto constituía preocupação para os reaccionários na Casa Branca.

Quanto à operação de resgate, os defensores do livre mercado gostam de dizer que a ajuda aos mais desafortunados entre nós se deve deixar em mãos da caridade privada. Era uma prédica favorita do presidente Ronald Reagan dizer que «a caridade privada pode fazer o trabalho». E durante os primeiros dias, essa parecia ser de facto a política para o desastre causado pelo furacão Katrina.

O governo federal não se avistava, mas a Cruz Vermelha entrou em acção. A sua mensagem: «Não envie alimentos, nem cobertores; envie dinheiro». Entretanto, Pat Robertson e a Christian Broadcasting Network –fazendo uma breve pausa na obra divina de impulsionar a nomeação de John Roberts para a Corte Suprema – fez um apelo para doações e anunciou a “Operação Bênção”, que consistiu num envio altamente publicitado mas totalmente inadequado de conservas e bíblias.

Pelo Dia Três, mesmo os media míopes começaram a dar-se conta do enorme fracasso da operação de resgate. As pessoas estavam a morrer porque a ajuda não tinha chegado. As autoridades pareciam mais preocupadas em prevenir o saque do que com o resgate das pessoas. Era a propriedade antes das pessoas, tal como os defensores do livre mercado sempre querem.

Mas surgiram perguntas que o livre mercado não parecia capaz de responder: Quem estava encarregado da operação de resgate? Por que tão poucos helicópteros e só um punhado de Guardas Costeiros para o resgate? Porque é que os helicópteros demoraram cinco horas para tirar seis pessoas de um hospital? Quando ganharia algum vapor a operação de resgate? Onde estavam os polícias federais? A guarda montada do estado? A Guarda Nacional? Onde estavam os autocarros e os camiões? Os abrigos e casas­ de­ banho portáteis? As provisões médicas e a água?

Onde estava a Segurança Interna? O que fez a Segurança Interna com os 33,8 mil milhões atribuídos a ela no ano fiscal de 2005? Mesmo o noticiário da tarde da ABC-TV (1 de Setembro de 2005) citou funcionários locais que disseram que «a resposta do governo federal foi uma vergonha nacional».

Num momento de saborosa (e talvez pícara) ironia, chegaram ofertas de ajuda estrangeira por parte da França, da Alemanha e de várias outras nações. A Rússia ofereceu enviar dois aviões carregados de alimentos e de outros materiais para as vítimas. Previsivelmente, todas estas propostas foram rapidamente recusadas pela Casa Branca. A América Formosa e Poderosa, a América Salvadora Suprema e Líder Mundial, a América Provedora da Prosperidade Global não podia aceitar a ajuda estrangeira de outros. Isso seria uma inversão de papéis humilhante e insultante. Será que os franceses procuravam outro murro no nariz?

Além disso, aceitar a ajuda estrangeira teria sido admitir a verdade – que os reaccionários bushistas não tinham nem o desejo nem a decência de proteger os cidadãos comuns, nem mesmo aqueles em situação de necessidade extrema. Quem sabe se as pessoas não começariam a pensar que George W. Bush realmente não era mais do que um agente a tempo inteiro da América corporativa."

PARENTI, Michael, " Como o livre mercado matou Nova Orleães",
Znet, 3 de Setembro 2005.

in.
Informação Alternativa

quarta-feira, setembro 07, 2005

"O que existe de mais terrível na comunicação
é o inconsciente da comunicação"


Pierre Bordieu










"Two residents wade through chest-deep water after finding bread and soda from a local grocery store after Hurricane Katrina came through the area in New Orleans."








"A young man walks through chest deep flood water after looting a grocery store in New Orleans on Tuesday, Aug. 30, 2005."

Fonte: Aqui



Fonte: Aqui



TRADUÇÃO:


preto: after looting a grocery store (depois de assaltar uma mercearia)

branco: after finding bread and soda from a local grocery store (depois de retirar pão e refrigerante de uma mercearia local)





"Este mecanismo comunicacional moderno acompanhado de um regresso dos monopólios, inquieta com razão, os cidadãos.
Estes lembram-se dos alertas de George Orwell e Aldoux Huxley contra o falso progresso de um mundo administrado por uma polícia do pensamento. Eles temem a possibilidade de condicionamento das mentalidades à escala planetária"


Ignacio Ramonet




ESPECIAIS AGRADECIMENTOS A:
ESTE,ESTE e ESTE