A MORDER OS CALCANHARES DO PODER

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Música

Hoje, coloco na coluna da direita esta música para que quando vos apeteça a possam ouvir. Se quiserem acompanhar a letra podem fazê-lo indo aqui.


Como refere o autor logo no início da mesma "(...)não se deixem distrair por esses pormenores que possam ser já não muito actuais e que isso não contribua para desviar a vossa atenção do que me parece ser o essencial neste texto." , pois há coisas nele que são de uma actualidade impressionante.

O meu agradecimento, vai por inteiro para o Emanuel Saramago a quem surripiei o link para a música. Aqui fica, pois, o meu obrigado.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

E responsáveis? Há?

"Derrapagem de custos nos acessos aos estádios:

O Tribunal de Contas admitiu que o custo final das empreitadas para os acessos aos novos estádios do Euro 2004 derrapou em média 13,3 por cento, para 148 milhões de euros.

O valor inicialmente previsto para as 60 empreitadas relacionadas com as acessibilidades aos estádios do Euro 2004 situava- se em 130,4 milhões de euros, refere um relatório de auditoria sobre o Euro 2004.

O relatório, que dá conta da segunda e última fase da auditoria ao Euro 2004, adianta que os 148 milhões de euros correspondem "ao custo dos trabalhos contratuais no valor de 130,4 milhões de euros, excluindo o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)".

Adianta que ao valor inicialmente previsto acrescem os trabalhos suplementares, erros e omissões do projecto, revisão de preços e outros encargos.(...)"



Podem imaginar o que irá acontecer com a OTA e o TGV...NÃO?

Nova Ordem Mundial





"EUA tiveram centro secreto de tortura no Afeganistão:

Prisão foi mantida, entre 2002 e 2004, perto de Cabul, acusa a Human Rights Watch, que cita testemunhos de advogados de antigos reclusos

Uma prisão secreta, onde os prisioneiros eram torturados, foi mantida, entre 2002 e 2004, perto de Cabul, pelos norte-americanos, segundo o grupo de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch (HRW), que cita testemunhos de advogados de antigos presos.
Oito presumíveis terroristas, actualmente detidos na base norte-americana de Guantanamo (Cuba), descreveram aos seus advogados as condições em que estiveram nessa prisão, próxima de Cabul e a que chamam a «Prisão da Sombra», diz o HRW num comunicado divulgado hoje.
Os prisioneiros, que aí foram mantidos por períodos de seis meses entre 2002 e 2004, contaram ter sido acorrentados a anéis na parede, em posições que os impediam de se deitar e dormir, ter sido privados de alimentos e bebida durante dias, mantidos numa escuridão total com música ou ruídos ensurdecedores e encharcados com água salgada.
Eram esbofeteados e espancados durante os interrogatórios, até mesmo ameaçados de violação
.
Os guardas norte-americanos e afegãos, bem como os norte- americanos que faziam os interrogatórios, não usavam uniforme,
o que permite pensar que esse centro era gerido por agentes da CIA, segundo o HRW.
«O governo norte-americano deve fazer luz sobre esta 'Prisão da Sombra' de Cabul», comentou John Sifton, especialista em terrorismo no HRW.
«Ninguém, seja qual for o crime de que é acusado, deve ser detido em prisões secretas ou submetido a tortura», sublinhou.
O HRW precisa que obteve essas informações, não directamente dos detidos, mas dos advogados, uma vez que as organizações de defesa dos direitos do homem não têm sido autorizadas a deslocar-se a Guantanamo nem a outros locais de detenção no estrangeiro."





"Ainda há tortura em Abu Ghraib, afirma ex-comandante:

Quase três anos depois do escândalo de abuso de prisioneiros,
a ex-comandante norte-americana da prisão de Abu Ghraib, Janis Karpinski, disse ao jornal brasileiro Folha de São Paulo que a tortura continua a ser praticada naquele estabelecimento prisional.

Questionada sobre se continua a praticar-se a tortura, a coronel Karpinski respondeu: «É justo dizer que sim, porque há soldados e oficiais que regressam e afirmam sob juramento que foram testemunhas de torturas e obrigados a aceitar que os seus soldados praticassem este tipo de violência».

As torturas prosseguem «porque o secretário da Defesa (Donald Rumsfeld) e o seu especialista em informação Stephen Cambone crêem que estas pessoas são terroristas e têm informações e que a única maneira de as obter é através da tortura», explicitou a antiga comandante.

«Os especialistas em interrogatórios dizem que a tortura não funciona, mas o Pentágono parece ter o seu próprio ponto de vista e não se incomoda com o que dizem», sublinhou.

Além disso,
assegurou, «cerca de 80 por cento dos prisioneiros de Abu Ghraib são completamente inocentes e não têm a mínima informação ligada ao terrorismo».

Janis Karpinski considerou, por outro lado, que a administração norte-americana cometeu um erro ao não enviar (para o Iraque) mais 100.000 soldados em Junho de 2003 para combater a revolta.

«Não havia e não há tropas para fazer frente à revolta que se desenvolver e que é cada vez mais eficaz», disse ainda na entrevista hoje publicada.

A coronel Karpinski dirigia a polícia militar da prisão de Abu Ghraib quando rebentou o escândalo e foi a única graduada no seio da hierarquia militar norte-americana a ser sancionada pelos maus-tratos, tendo sido despromovida de general a coronel por decisão do presidente George W. Bush."






"Powell diz que Governos europeus «conhecem» aviões-prisão:

«A maioria dos nossos amigos europeus não pode estar chocada pelo facto deste tipo de coisas ter acontecido», ironizou. Ex-secretário de Estado não especificou quais os países europeus que sabiam do transporte ilegal de suspeitos de terrorismo pela CIA
Os europeus têm conhecimento da prática da CIA de transferir prisioneiros suspeitos de terrorismo em aviões fretados pela agência, que fazem escalas em aeroportos da Europa, afirmou o ex-secretário de Estado norte-americano Colin Powell.
"Não é algo de novo ou de desconhecido para os nossos amigos europeus", disse Powell à News 24, canal de informação em contínuo da BBC.
"A maioria dos nossos amigos europeus não pode estar chocada pelo facto deste tipo de coisas ter acontecido", dado que estava ao corrente, insistiu o general Powell.
O ex-secretário de Estado referia-se à polémica suscitada pela existência de aviões fretados pelos serviços secretos norte-americanos (CIA), para transportar alegados suspeitos de actos de terrorismo para países terceiros, que terão feito escala em aeroportos europeus.
"O facto de termos, há anos, posto em prática procedimentos relativos a pessoas responsáveis por terrorismo ou suspeitas de actividades terroristas não é nada de novo ou de desconhecido dos nossos amigos europeus", afirmou o antecessor de Condoleezza Rice.
Ironizando sobre a indignação dos europeus face a esta questão, Powell disse que o faz lembrar "o filme Casablanca, onde o inspector diz: +estou chocado, estou chocado+".
Mas "a maior parte dos nossos amigos Europeus não pode estar chocada" porque estava ao corrente, garantiu Powell, sobre a polémica gerada pelos aviões da CIA que terão transportado suspeitos de terrorismo para países terceiros, nomeadamente para países suspeitos de praticarem a tortura.
Powell não especificou quais os países europeus a que se referia.
Segunda-feira passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jack Straw, afirmou que nenhuma pessoa suspeita de actividades terroristas, transportada por aviões da CIA, transitou em território britânico.
Powell reconheceu na entrevista à BBC que "a posição moral dos Estados Unidos ficou fragilizada devido ao problema da prisão de Abu Ghraib, no Iraque, e à opinião generalizada relativa à prisão de Guantanamo", base norte-americana em Cuba, onde estão pessoas detidas no Afeganistão e no Iraque, algumas há mais de quatro anos, sem julgamento ou acusação."

A Lei de Bush

"Bush defende programa secreto de escutas nos EUA :

O Presidente norte-americano, George W. Bush, garantiu que vai continuar a autorizar as escutas extra-judiciais a pessoas residentes nos EUA, suspeitas de ligações as grupos terroristas, e anunciou que está em curso um inquérito à fuga de informação que permitiu à imprensa noticiar este programa secreto.
Apesar da indignação gerada pela revelação das escutas, que terão visado centenas de cidadãos americanos e estrangeiros residentes no EUA, Bush garante que a autorização que deu à Agência Nacional de Segurança (NSA) é “absolutamente” legal.

“Autorizei este programa mais de 30 vezes desde os ataques de 11 de Setembro e tenho intenção de o continuar a fazer enquanto a nossa nação for confrontada com a ameaça persistente de um inimigo que quer matar cidadãos americanos”, declarou, repetindo os mesmo argumentos usados na declaração radiofónica do passado sábado.

No mesmo sentido, Bush classificou de “vergonhosa” e de “ajuda ao inimigo” a fuga de informação que permitiu ao “New York Times” noticiar a existência deste programa, garantindo que está já em curso um inquérito interno para apurar quem foram os autores das revelações.

Segundo Bush, no final da década de 1990, os serviços secretos norte-americanos perderam o rasto de Osama bin Laden, então sob escuta, por causa de uma fuga de informação semelhante.

A intercepção de conversas telefónicas e de mensagens electrónicas a pessoas residentes no país, tal como as que estarão a ser feitas pela NSA, constitui uma ruptura com a prática seguida até agora pelas agências de informação norte-americanas. A prática comum passava por pedir mandados judiciais para interceptar comunicações com origem no país, mesmo que se destinassem a destinatários estrangeiros.

Contudo, a principal questão reside em saber se esta prática viola as liberdades cívicas previstas pela Constituição e se a lei confere ao Presidente poder para ordenar tais escutas.

A oposição democrata exigiu já a abertura de um inquérito ao caso. O presidente da Comissão de Justiça do Senado, o republicano Arlen Specter, admitiu também pedir audiências a pessoas envolvidas no caso, que ameaça criar um novo embaraço à Administração norte-americana, depois das denúncias sobre a existência de prisões secretas no estrangeiro e do uso de tortura contra alegados terroristas.

“O artigo dois da Constituição dá-me a responsabilidade e a autoridade necessárias para cumprir isto e, após o 11 de Setembro, o Congresso dos EUA concedeu-me autoridade para utilizar a força militar contra a Al-Qaeda”, afirmou Bush, em resposta às críticas.

Garantindo que o programa de escutas é reavaliado “todos os 45 dias”, o Presidente garantiu que os líderes dos dois partidos no Congresso foram informados várias vezes sobre o trabalho da NSA nesta matéria.

Por outro lado, sublinhou, o programa secreto “visava apenas pessoas com ligações conhecidas à Al-Qaeda”. “Estamos em guerra”, sublinhou, afirmando que “a nova ameaça exige um pensamento e uma acção diferente”."


terça-feira, dezembro 20, 2005

Auxiliar de memória para populistas

"Ribeiro e Castro responsabiliza esquerda pelos "grandes males do mundo"







"O presidente do CDS-PP exortou hoje os jovens do seu partido a combaterem o que diz ser "império mediático da esquerda", a quem responsabilizou pelos "grandes males do mundo", incluindo o terrorismo.
“Esta geração é a que vai mudar o "império mediático de esquerda fundado há algumas décadas e que é preciso combater",
afirmou Ribeiro e Castro, no encerramento do XV congresso da Juventude Popular, em Bragança, durante o qual João Almeida foi reeleito para um novo mandato à frente da organização.

Segundo o presidente do CDS-PP, "o século XX foi dominado pelo socialismo e muitos dos males actuais do mundo e da nossa sociedade são a pesada factura desses tempos".

"O último dos filhos desse tempo é o terrorismo", declarou ao congresso, reiterando depois em declarações aos jornalistas que "a origem do terrorismo está na esquerda".

"Porque uma parte do pensamento da esquerda assenta na pregação e na legitimação da violência como motor de transformação histórica, e isso é que originou muitos movimentos, alguns que optaram pela via do terrorismo", afirmou.

Para Ribeiro e Castro,
"as ideologias de esquerda, nomeadamente o marxismo, geraram ditaduras, algumas ainda em funções".

Questionado se inclui também a esquerda portuguesa, respondeu que "gostava de saber o que é que a esquerda portuguesa pensa das ditaduras que continuam em Cuba, na Coreia do Norte, da sementeira de ruína de miséria e destruição que caracterizou África, de uma forma geral, por mercê de regimes de esquerda".

Ribeiro e Castro rejeita estar "a radicalizar" com esta tomada de posição, considerando ser "uma reflexão que deve ser feita, nomeadamente pelas novas gerações que estão a despertar para a política".

Ribeiro e Castro falou depois da Constituição da República Portuguesa para desafiar a maioria socialista na Assembleia da República a concordar com uma "grande revisão" do documento jurídico que rege a organização política, social e económica do país.

Para Ribeiro e Castro, a constituição portuguesa "tem bloqueado algumas reformas estruturais, nomeadamente nos planos económico e social" e deu como exemplo o facto de não permitir a revisão e flexibilização do código do trabalho.

"Muitas das reformas que estão a ser feitas na Europa não podem ser feitas em Portugal por causa de alguns mitos que estão inscritos na constituição, nomeadamente o mito de que tudo é universal e gratuito. As coisas não são gratuitas, têm de ser pagas", afirmou.

"Justamente aquilo que é opção dos políticos e função da política é saber como é que isso é pago e como é que se distribuem esses recursos", acrescentou.

Para o líder do CDS-PP, a Constituição devia permitir que
"qualquer Governo e qualquer maioria possa decidir o rumo que entende melhor".

Neste sentido, Ribeiro e Castro anunciou que o CDS-PP vai antecipar-se ao debate sobre a revisão da constituição, programando para os próximos meses fóruns de discussão que antecederão os 30 anos da aprovação da lei fundamental do país, celebrados em Abril de 2006."


Lendo com atenção este lamentável discurso neo-fascista de branqueamento histórico, quer parecer-nos que este indivíduo sente profundas saudades do antigamente, nomeadamente no que a este país diz respeito, para além de possuir uma memória altamente selectiva.

Todavia, e já que estamos numa época propícia à oferta de presentes aqui lhe deixamos um precioso auxiliar de memória, para que no mínimo se torne menos ignorante.

Há momentos em que as palavras valem mais que mil imagens. Ou será o inverso?

sexta-feira, dezembro 16, 2005

País Bizarro este...



Isaltino Morais, presidente da Câmara Municipal de Oeiras, vai aproveitar o Regime Excepcional de Regularização Tributária (RERT), aprovado pelo Governo de José Sócrates em Julho, para declarar o dinheiro que tem na Suíça desde 1987 e do qual assumiu a titularidade em 2002.
O perdão fiscal significa que pagará apenas cinco por cento do valor que declarar agora. Em declarações ao jornal O Independente o autarca explicou que «a partir de 1987, quando o professor Cavaco Silva falou em comprar gato por lebre e a bolsa portuguesa teve uma quebra, decidiu canalizar as minhas economias para uma conta na Suíça».
A conta terá sido aberta com 50 mil euros mas, desde a abertura até hoje, os montantes variaram entre os 400 mil e os 650 mil euros.
Com este perdão fiscal, aprovado em Julho, o executivo socialista prevê arrecadar 200 milhões de euros. O prazo para aderir termina esta sexta-feira. Mas este regime especial não permite "esquecer" crimes fiscais cujo procedimento já tivesse sido notificado ao próprio.
Além de pessoas singulares, também as sociedades estão abrnagidas por este regime especial. Por exemplo, os Off-Shores poderão beneficiar do perdão à fuga ao fisco."


QUE POUCA VERGONHA!!!


Cartoon: Sergeicartoons

E agora? Não se passa nada?




O relatório do Conselho da Europa acerca dos alegados voos secretos da CIA na Europa recolheu elementos que "parecem mostrar que algumas pessoas foram sequestradas e transportadas para outros países", fora do quadro dos procedimentos legais, afirmou hoje o porta-voz da comissão de investigação, Dick Marty.
"Elementos recolhidos até ao momento permitem reforçar a credibilidade das alegações sobre o transporte e a detenção temporária de pessoas, alheios aos procedimentos judiciários, nos países europeus", afirmou Dick Marty.

Numa declaração a que a AFP teve acesso, a comissão "pede imediatamente a todos os governos dos Estados-membros que se envolvam plenamente no apuramento da verdade acerca dos voos (...), transporte de pessoas detidas, fora de qualquer procedimento judiciário".

Mais de meia dúzia de Governos europeus desencadearam investigações para determinar se os respectivos países albergaram no passado presídios da CIA ou foram usados como escala nos voos secretos da agência, em viagens destinadas a transferir os detidos para Estados onde a tortura é autorizada.

Quanto à polémica dos voos secretos, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, deixou no ar, num recente périplo pela Europa, a ideia de que os países aliados terão sido informados das actividades da CIA nos seus territórios e que os EUA sempre actuaram de acordo com os procedimentos internacionais."

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Jeffrey Sachs não sente fome: Dois mitos que mantêm a Pobreza

"Do cantor de rock Bob Geldof ao político inglês Gordon Brown, o mundo parece de repente estar cheio de pessoas de alto nível com intenções de erradicar a pobreza. Jeffrey Sachs não é um mero "benfeitor", mas um dos economistas líderes do mundo e chefe do Earth Institute e responsável na União Europeia pelo comité que promove o desenvolvimento rápido de países. Quando Sachs lançou o livro "O Fim da Pobreza",todo a imprensa lançou a notícia, sendo inclusive matéria de capa da Revista Times. Acontece, simplesmente, que existe um problema com o manual do fim da pobreza de Sachs. Ele não entende de onde vem a pobreza, e encara-a como um pecado original. "Há algumas gerações atrás, quase todo o mundo era pobre" diz ele e acrescenta: "A Revolução Industrial promoveu novos ricos, mas muitos no mundo foram deixados para trás." Essa é uma história totalmente falsa da pobreza. Os pobres não são aqueles "deixados para trás", são aqueles que foram roubados. A riqueza acumulada pela Europa e América do Norte é amplamente baseada nas riquezas retiradas da Ásia, África e América Latina. Sem a destruição da rica indústria têxtil indiana, sem a posse do mercado de especiarias, sem o genocídio das tribos americanas, sem a escravidão da África, a Revolução Industrial não resultaria em novos ricos para a Europa ou América do Norte. Foi essa possessão violenta sobre os recursos e mercados do Terceiro Mundo que geraram a riqueza do Norte e pobreza do Sul.
Dois dos grandes mitos económicos do nosso tempo permitem que as pessoas neguem esse elo intimidador e espalhem concepções erróneas sobre o que é a pobreza.
Primeiro, a responsabilidade sobre a destruição da Natureza e a habilidade das pessoas em cuidar de si mesmas são colocadas não no crescimento industrial e na economia colonialista, mas nessas mesmas pessoas. A pobreza foi instituída como uma das causas da destruição do meio ambiente. A doença então é oferecida como cura: o crescimento económico futuro resolveria os problemas da pobreza e do declínio ambiental. Essa é a mensagem-chave da análise de Sachs.
O segundo mito é que existe um consenso que se você consome o que você produz, você não produz de verdade, pelo menos economicamente falando. Se eu produzo o meu próprio alimento, e não o comercializo, quer dizer que não contribuo para o PIB e portanto não contribuo para o "crescimento". As pessoas são consideradas pobres por comerem o seu próprio alimento e não aquele que é comercialmente distribuído como "junk food" e que é vendido por empresas de agronegócio mundiais. São vistas como pobres se viverem em casas feitas por elas mesmas com materiais ecologicamente bem ambientados como o bambu e o barro ao invés de casas de tijolo e cimento. São vistas como pobres se usarem acessórios manufacturados feitos de fibras artesanais no lugar das sintéticas. A vida de subsistência, em relação à qual o rico do ocidente interpreta como pobre, não significa necessariamente menos qualidade de vida. Ao contrário, a sua economia natural baseada em subsistência garante uma alta qualidade de vida – se mensurarmos o acesso à comida e água de boa qualidade, à oportunidade de vida de subsistência, uma robusta identidade cultural e social e um sentido à vida das pessoas. Por esses pobres não dividirem nenhum dos benefícios percebidos pelo crescimento económico, são considerados como aqueles "deixados para trás".
Essa falsa distinção entre os factores que criam possibilidades e aqueles que criam pobreza está no centro da análise de Sachs. Por isso, as suas prescrições irão agravar e aumentar a pobreza ao invés de acabar com ela. Conceitos modernos de desenvolvimento económico, que Sachs enxerga como a "cura" para a pobreza, já foram utilizados apenas em pequenas partes da história da humanidade.
Durante séculos os princípios de subsistência permitiram às sociedades de todo o planeta sobreviver e até mesmo prosperar. Nessas sociedades os limites da natureza foram respeitados guiando os limites do consumo humano. Quando o relacionamento da sociedade com a natureza é baseado na subsistência, a natureza existe como forma de riqueza comum. Ela é redefinida como "recurso" apenas quando o lucro torna-se o princípio organizador da sociedade estabelecendo um imperativo de desenvolvimento e destruição de tais recursos pelo mercado. Contudo, muitos de nós escolhem esquecer e negar isso.
Todas as pessoas em todas as sociedades dependem da Natureza. Sem água limpa, solo fértil e diversidade genética, não é possível a sobrevivência da humanidade. Hoje o desenvolvimento económico está a destruir estes bens comuns, resultando na criação de uma nova contradição: o desenvolvimento priva aqueles que mais dizemos ajudar de suas tradições com a terra e do valor da subsistência, forçando-os a sobreviver num mundo de crescente erosão.
Um sistema baseado no crescimento económico, sabemos hoje, cria triliões de dólares de super lucro para corporações enquanto condena biliões de pessoas à pobreza. E a pobreza não é, como sugere Sachs, o estado inicial do progresso humano do qual todos saímos. A pobreza é o estagio final da queda de uma pessoa quando um lado desenvolvido destrói o sistema ecológico e social que manteve a vida, a saúde e a subsistência de pessoas e do próprio planeta ao longo de eras. A realidade é que as pessoas não morrem por falta de aquisições monetárias, elas morrem pela falta de acesso às riquezas de bem comum. Aqui também, Sachs erra ao dizer: "Num mundo de abundância, 1 bilião de pessoas estão tão pobres que as suas vidas correm perigo."
Os povos indígenas na Amazónia, as comunidades na montanhas dos Himalaias, camponeses de toda a parte cujas terras não foram apropriadas, cuja água e biodiversidade não foram destruídas pela agroindústria geradora de débito, são ecologicamente ricos, mesmo ganhando menos que $1,00 dólar por dia. Por outro lado, as pessoas são pobres se tiverem que comprar as suas necessidades básicas a altos preços não importando quanto ganhem. Veja-se o caso da Índia: por causa do dumping sobre os alimentos e fibras mais baratos feito pelas nações desenvolvidas e pela diminuição das protecções de mercado decretadas pelo Governo, os preços na agricultura da Índia estão caindo, significando que os camponeses do país estão perdendo $26 biliões de dólares ao ano. Impossibilitados de sobreviver sob essas novas condições económicas, muitos camponeses agora foram golpeados pela pobreza e milhares cometem suicídio todo o ano. Em diversos locais do mundo, o acto de beber água foi privatizado de uma forma que agora as grandes corporações podem lucrar 1 trilião de dólares por ano vendendo um recurso essencial aos pobres que antes eram gratuitos.
Sendo assim os $50 biliões de ajuda humanitária do Norte para o Sul são apenas um décimo dos $500 biliões que são sugados na outra direcção através de parcelas de pagamentos e outros mecanismos injustos da economia global imposta pelo Banco Central e pelo FMI. Se realmente estamos dispostos a acabar com a pobreza , temos que estar dispostos a dar fim ao sistema que cria a pobreza tomando as riquezas de bem comum, a subsistência e os ganhos.
Antes de fazermos a pobreza uma parte da história, precisamos entender correctamente a história da pobreza. Não é o quanto as nações ricas podem dar, nem tão pouco o quanto menos podem levar."

SHIVA, Vandana, The Ecologist (July/August 2005), www.theecologist.org

Vandana Shiva é fisica e uma destacada activista ambiental da Índia. Fundadora da Navdanya, um movimento pela conservação da biodiversidade e pelo direito de camponeses e agricultores. Directora do Research Foundation for Science, Technology and Natural Resource Policy.

O artigo traduzido de inglês para português, pode encontrar-se aqui.


O agradecimento, vai direitinho para a Grazi que me alertou para a existência do mesmo.

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Portugal não precisa de Silvas!

Portugal não precisa de Silvas


Com agradecimentos ao Blog A Lei do Funil

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Painful Deceptions - Documentário

A ver: PAINFUL DECEPTIONS - ESTE DOCUMENTÁRIO, absolutamente essencial para entender as omissões e manipulações informativas acerca dos atentados do 11 de Setembro.Requer, no entanto, algum tempo disponível pois dura cerca de 1 hora e 30 minutos, embora a sua visualização seja indispensável para todos aqueles que não se conformam com as «verdades oficiais».

Governantes incompetentes põem Portugal na rota do livro dos Recordes do Guiness

"330 desempregados todos os dias em Portugal :

Ao contrário da tendência europeia, o desemprego em Portugal continua a crescer, pelo menos até 2007. Dados do Instituto Nacional de Estatística revelam uma subida de meio ponto percentual face ao segundo trimestre, situando-se nos 7,7 por cento. O que significa que o desemprego evoluiu, de Julho a Setembro, ao ritmo médio de 330 novos desempregados por dia.
"Prevê-se que a UE crie seis milhões de novos postos de trabalho entre 2005 e 2007." A perspectiva, radiosa, consta das previsões de Outono da Comissão Europeia e estriba-se na expectativa de um bom comportamento económico do espaço comunitário, que espera crescer 1,5 por cento este ano, 2,1 por cento em 2006 e 2,4 por cento em 2007. Postas as coisas neste pé, Portugal parece fazer parte de outro universo. O desemprego está a crescer "sustentadamente" desde 2002 e, pelo menos até 2007, deverá subir ainda mais, ao arrepio da tendência europeia. A taxa do terceiro trimestre deste ano divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) deu um salto de meio ponto percentual face ao segundo trimestre, situando-se nos 7,7 por cento, a que corresponderão cerca de 430 mil desempregados, o que significa que o desemprego evoluiu, de Julho a Setembro, ao ritmo médio de 330 novos desempregados por dia (o chamado "desemprego registado", que contempla as inscrições nos centros de emprego do continente e regiões autónomas, ascendia em 31 de Outubro a 484.730 indivíduos.

Também nas previsões de crescimento, a economia portuguesa contraria a UE, devendo continuar até 2007 a crescer abaixo da média europeia, perfazendo um total de seis anos de empobrecimento face aos parceiros da União. Enfim, Portugal deixou, decididamente, de ser o "bom aluno" dos anos noventa, com a economia a crescer acima da média europeia e com baixas taxas de desemprego, para se constituir, no novo século, como o "patinho feio" e um dos fardos com que a União tem de carregar."





Gráfico: Jornal Público, nº5732, 4 de Dezembro de 2005,p.3.