A MORDER OS CALCANHARES DO PODER

quinta-feira, agosto 04, 2005

Movimentações...





A surpresa chegou ao final do dia. O ministro das Finanças resolveu "recompor" a administração da Caixa Geral de Depósitos, demitindo o actual presidente, Vítor Martins, que tinha mandato até 2008, e substituindo-o por Carlos Santos Ferreira. O ministério invoca "uma série de eventos e notícias" ligados à administração da CGD, que nos últimos meses "fragilizaram, objectivamente, a imagem interna e externa da actual administração, bem como a relação de confiança que deveria existir entre ela e o accionista". "Face a esta situação, tornou-se imperioso criar condições que permitam à CGD prosseguir com firmeza a sua estratégia."Carlos Santos Ferreira, um gestor com larga experiência em grandes grupos empresariais (Champalimaud e BCP) e até há pouco tempo apontado como um dos possí- veis sucessores de Miguel Horta e Costa à frente da PT, assume a presidência da CGD. Na administração entram ainda Armando Vara, antigo ministro socialista, e Francisco Bandeira.




Primeiro tivemos esta notícia, que nada encerra de novo para quem já se habituou a estas "recomposições" bastante convenientes de colocação de Boys. O que se torna aqui, ainda mais escandaloso e inadmissível é a presença de Armando Vara (sim, esse, o da Fundação...). Isto além de trágico, é anedótico.

Interessante, não deixa igualmente de ser o perfil do futuro presidente da Caixa Geral de Depósitos: "Carlos Santos Ferreira, um gestor com larga experiência em grandes grupos empresariais (Champalimaud e BCP) e até há pouco tempo apontado como um dos possí- veis sucessores de Miguel Horta e Costa à frente da PT."
Os grandes grupos económicos lá vão, lentamente e com pezinhos de lã, colocando os seus peões em sectores estratégicos do "aparelho de Estado".



Depois, surge esta outra informação: "Ota e TGV poderão ter «acelerado» mexidas na Caixa:

O ministro das Finanças justificou a substituição da administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) com a ausência de uma «relação de confiança» que deveria existir entre a administração e o accionista. Mas, segundo apurou o Diário de Notícias, a saída do presidente Vítor Martins terá que ver com desentendimentos entre o administrador e o Governo por causa de grandes projectos públicos.
Segundo fonte do mercado contactada pelo Diário de Notícias, a antiga administração recusa-se a participar nos financiamentos privados aos grandes investimentos públicos como o futuro aeroporto da Ota e o TGV. Nem a Caixa Geral de Depósitos nem o ministério das Finanças quiserem comentar os eventuais desentendimentos.
Esta «dança das cadeiras» na Caixa vem numa altura em que o Governo beneficiaria de adoptar um «low profile», já que exigiu contenção aos portugueses e assumiu uma postura de austeridade financeira.(...) ".



Inacreditável bandalheira. A obsessão, com contornos de paranóia, de levar avante este projecto megalómano, vale o recurso a todas as tácticas manhosas.