Criminosos de guerra
"Um antigo colaborador do ex-secretário de Estado norte-americano Colin Powell acusa o gabinete do vice-presidente norte-americano, Dick Cheney, de ter emitido as directivas que conduziram aos abusos cometidos na prisão iraquiana de Abu Ghraib.
Em declarações à rádio pública americana NPR, o coronel Laurence Wilkerson, antigo chefe de gabinete de Powell, revelou ter detectado a origem de um memorando e de directivas autorizando o uso de tortura, enviados ao Departamento de Defesa por colaboradores de Dick Cheney.
A confirmar-se a existência destes documentos, isso representaria uma clara contradição com uma directiva emitida pelo Presidente George W. Bush, em 2002, ordenando ao Exército norte-americano para cumprir a Convenção de Genebra sobre a proibição do uso de tortura.
“Há um rasto visível que vai da vice-presidência aos comandantes no terreno, passando pelo secretário da Defesa, para autorizar a tortura a fim de obter informações sobre o terreno”, afirmou Wilkerson.
O coronel explicou que foi encarregado pelo próprio Powell de descobrir a forma como a tortura foi aceite como técnica de interrogatório aceitável pelas forças militares americanas, logo depois de terem sido noticiados os primeiros casos de abusos cometidos pelas tropas dos EUA destacadas no estrangeiro.
Segundo este ex-responsável, o novo chefe de gabinete de Dick Cheney, David Addington, até aqui seu conselheiro jurídico, foi “um advogado convicto” da autorização de recurso à violência nos interrogatórios.
Na semana passada, o “The Washington Post” noticiou que Cheney fez diligências junto do Senado para conseguir que a CIA seja isenta, durante operações antiterroristas no estrangeiro, de respeitar um projecto de lei que proíbe o uso da tortura.
O chefe de gabinete de Bush acusou ainda os colaboradores do vice-presidente de minar o trabalho do Conselho Nacional de Segurança e criticou ainda o antigo director da CIA, George Tenet, “por não ter tido a coragem” de informar Cheney das dúvidas existentes sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque – o argumento usado pela Administração para lançar a guerra que viria a derrubar Saddam Hussein."
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