A MORDER OS CALCANHARES DO PODER

domingo, setembro 24, 2006

Até Quando?



Não adianta olhar por céu, com muita fé e pouca luta.
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve, você pode, você deve, pode crer.
Não adianta olhar pro chão, virar a cara pra não ver.
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer.
Até quando você vai ficar usando rédea?
Rindo da própria tragédia?
Até quando você vai ficar usando rédea? (Pobre, rico, ou classe média).
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura.
Até quando você vai ficando mudo?
Muda que o medo é um modo de fazer censura.

Até quando você vai levando?
(Porrada! Porrada!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando?
(Porrada! Porrada!)
Até quando vai ser saco de pancada?

Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente, seu filho sem escola, seu velho tá sem dente.
Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante, você tá sem emprego e a sua filha tá gestante.
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo, você que é inocente foi preso em flagrante!
É tudo flagrante! É tudo flagrante!

Refrão

A polícia matou o estudante, falou que era bandido, chamou de traficante.
A justiça prendeu o pé-rapado, soltou o deputado... e absolveu os PMs de vigário!

Refrão

A polícia só existe pra manter você na lei, lei do silêncio, lei do mais fraco: ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco.
A programação existe pra manter você na frente, na frente da TV, que é pra te entreter, que é pra você não ver que o porgramado é você.
Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar.
O cara me pede o diploma, não tenho diploma, não pude estudar.
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar.
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá.
Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar.
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar.
Não peço arrego, mas onde que eu chego se eu fico no mesmo lugar?
Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro pra dar.
Escola, esmola!
Favela, cadeia!
Sem terra, enterra!
Sem renda, se renda!
Não! Não!!

Refrão

Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente.
A gente muda o mundo na mudança da mente.
E quando a mente muda a gente anda pra frente.
E quando a gente manda ninguém manda na gente.
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura.
Na mudança de postura a gente fica mais seguro, na mudança do presente a gente molda o futuro!
Até quando você vai ficar levando porrada, até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai ficar de saco de pancada?
Até quando você vai levando?

sábado, setembro 23, 2006

...

"A livre escolha entre uma larga quantidade de bens e serviços não significa Liberdade, quando estes bens e serviços mantêm o controlo social sobre uma vida de esforço e de medo - ou seja, de alienação."

Herbert Marcuse, O Homem Unidimensional

quinta-feira, setembro 21, 2006

A NOVILINGUA NEOLIBERAL E O ASSASSINATO DO ESTADO

"Na era das privatizações e do mercado livre, o dinheiro governa sem intermediários. Qual é a função atribuída ao Estado? O Estado deve ocupar-se da disciplina da mão-de-obra barata,condenada a salários anões,e da repressão das perigosas legiões de braços que não encontram trabalho; um Estado juiz e polícia, e pouco mais. Em muitos países do mundo, a justiça social reduziu-se à justiça penal. O Estado zela pela segurança pública: dos outros serviços encarregar-se-á o mercado; e da pobreza,gente pobre,regiões de pobres,encarregar-se-á Deus, se a polícia não o conseguir. Embora a administração pública queira disfarçar-se de mãe piedosa, não tem outro remédio senão consagrar as suas minguadas energias às funções de vigilância e de castigo.
Nestes tempos neoliberais,os direitos públicos estão reduzidos a favores do poder e o poder ocupa-se da saúde e da educação públicas como se fossem formas de caridade pública, em vésperas de eleições.(...)"

GALEANO, Eduardo,De pernas para o ar- A escola do mundo às avessas,Lisboa,Editorial Caminho,2002,pp.42-43.
Eis que decido fazer uma fugaz incursão pela imprensa on-line e me deparo com esta refinada pérola:


"É preciso eliminar 200 mil funcionários públicos"

Compromisso Portugal: promotores dizem que está medida vai permitir poupar até cinco mil milhões de euros



O Compromisso Portugal propõe que o número de funcionários públicos seja reduzido em 200 mil, mais de um quarto dos actuais 737.774 funcionários, resultando numa poupança potencial até 5 mil milhões de euros por ano, escreve a Lusa.

O movimento considera que a redução pode ser alcançada facilitando as reformas antecipadas, estabelecendo incentivos à saída voluntária e transferindo actividades para o sector privado.

Os promotores António Nogueira Leite e Fernando Pacheco, autores do texto provocatório sobre o papel do Estado, defendem uma redução de 50 mil funcionários públicos através do aumento de 12 para 25 por cento da oferta de escolas privadas e de 23 para 35 por cento do peso dos hospitais privados.

Estas medidas implicariam uma poupança de 200 milhões de euros anuais, refere o Compromisso Portugal na sua proposta sobre a redução da dimensão do Estado.

Entre 150 e 190 mil funcionários da Administração Pública seriam reduzidos através de programas de reorganização e racionalização, o que permitiria uma poupança entre 3 a 5 mil milhões de euros por ano.

Entre as medidas que poderiam vir a ser adoptadas num programa de redução do número de efectivos da Administração Pública, os promotores defendem o fim do prolongamento dos contratos temporários em organismos que tenham pessoal excedentário e o preenchimento de lacunas com recursos internos.

O peso do Estado em Portugal é um dos maiores da União Europeia, representando, segundo dados avançados pelo Compromisso Portugal para 2005, 47,8 por cento da despesa pública no Produto Interno Bruto (PIB), face aos 34,5 por cento da Irlanda."


IDEIAS BASE:

eliminação
excedentes
poupança
saída voluntária
reformas antecipadas
transferência de actividades para o sector privado
escolas privadas
hospitais privados
reorganização e racionalização


ELIMINAR:

do Lat. eliminare
de e fora + limen, soleira da porta
v. tr.,
fazer sair, expulsar;

banir, excluir;

suprimir, fazer desaparecer;

v. refl.,
suprimir-se.

quarta-feira, setembro 20, 2006

REGRESSO A CASA

A todos aqueles que costumam (ou costumavam) visitar este blog deixo um pedido de desculpas pela prolongada ausência registada nos últimos meses,que nada teve a ver com qualquer tipo de "baixar-a-guarda",mas puramente por motivos pessoais.

A partir deste momento, voltamos a MORDER OS CALCANHARES DO PODER!

O post pós-regresso, é-vos dedicado.